sexta-feira, 27 de novembro de 2015

16

16.
Dobro de 8, quadrado de 4, potência de 2.
Camisa de Joe Montana.

É a idade mínima para votar e, tomara em breve, da maioridade penal no Brasil. Ou seja, em 16 anos, um bebê pode escolher um presidente da república. E fazer outro bebê.

16 anos é bastante coisa. Voltemos a 1999, para sentirmos o tempo passar:
- surge o Euro.
- uma dupla de amigos consegue dar a volta ao mundo em um balão de ar quente.
- uma dupla de retardados matou 13 pessoas além deles próprios em Columbine, EUA.
- Windows 98SE é lançado. Surgem o Napster e o MSN.
- Cinema: Star Wars: The Phanton Manace, The Matrix (podiam fazer uma continuação, né ?) e Fight Club.
- Termina a Guerra de Kossovo.
- Sega Dreamcast é lançado. GTA2 é lançado para PS.
Faz tempo, hein? Tive que pesquisar, embora eu soubesse alguns desses fatos de cabeça.

16 anos.
Terminei a segunda faculdade, editei uma porrada de livros, saí da editora, virei DBA, virei auditor. Namorei, namorei e eventualmente casei. Comprei um apartamento, vendi esse apartamento, morei de favor, morei de aluguel, comprei outro apartamento. Um corsa, um 206 e Lanus e um civic. EUA, Peru, Reino Unido, EUA, Alemanha, EUA, EUA e Hawaii.
Tudo isso desde 27 de novembro de 1999.
Branca, branca ponta-verde, verde, verde ponta-marrom, marrom, marrom ponta-preta, preta, 1o twan (escreve assim ?), 2o, 3, e recentemente 4o.

Foi nesse dia, 27 de novembro de 1999, que comecei a treinar na TSKF. Desde esse dia, 2341 treinos (sim, eu mantenho a contagem), que gerou uma série de números que, no final, desisti de colocar aqui. Curioso como mudamos a maneira de pensar enquanto pensamos. Como relatei a meu início aqui, comento agora outro aspecto desse tempão que estou na academia.
Falo em desafios. A vida passada em uma academia tem desafios a serem vencidos. Não estou me referindo a óbvio como aguentar a ginástica, superar a resistência, passar no exame. Estou falando de algo ainda menos substancial, mas tão real quanto.
Quais dificuldades cada um passa dentro da academia? Pois garanto que as minhas são apenas minhas. Relato porque minha experiência pode ajudar alguém que está na estrada há menos tempo. Então vão 3 delas.
Houve uma época, por exemplo, em que preocupou o fato de ser canhoto. Para quem não sabe, usamos armas de uma mão sempre na direita. Facão, espada... Como diabos isso é possível? Bem... é possível. Tanto que me tornei o primeiro canhoto faixa preta 5 anos depois de começar a treinar. 
Antes disso, porém, enfrentei dificuldades dentro de casa. Quem não... ? O fato é que uma nos idos de 2002, minha então namorada queria que eu desistisse dos treino. Ela teve seus problemas na academia e achava que eu deveria apoiá-la deixando a TSKF. Não foi fácil, eram cutucadas e patadas quase diárias sobre o quanto eu não a apoiava, o quanto eu não era companheiro, o quanto o dólar subia por causa disso tudo e que a estabilidade da órbita de Netuno estava em risco. Bem... eu fiquei. E ainda estou até hoje. Eventualmente ela mesma voltou a treinar por um par de meses.
Também vi amigos desistirem. Sempre se comenta na academia a importância de se ter amigos de treino. Pessoas com quem se relacionar para ajudar a criar vínculos. Ajuda sim: era uma turma enorme, uns 20 amigos, que nos encontrávamos fora da academia para jogar videogame, assistir animes, jogar futebol, comer e principalmente rir muito. Um puxava o outro, incentivava o outro. Mas eventualmente, ter amigos assim atrapalha também: um a um, quase todos foram saindo. Houve uma debandada forte enquanto em avançava pelo 1o tuan (agora tenho certeza de que escrevi errado pelo menos uma vez), cada um pelo seu motivo. Não julgo. Não para não ser julgado, pois isso é impossível (é como esperar que um tigre não te ataque porque você é vegetariano), mas porque julgar não leva a nada no fim das contas. Mas o exame de 1o para 2o foi bem difícil pois eu me sentia só, sem o apoio e torcida que tinha antes. A ajuda que foi importante na faixa verde tinha se tornado obstáculo então. Bem... eu passei. E fiz novos amigos, e alguns deles também se foram. Prefiro então ficar com as boas memórias que tenho de todos eles, sendo alguns ainda muito próximos tantos anos depois.

Contei aqui 3 de meus obstáculos. Não se impressionem, não foram os maiores. Longe disso. Mas espero que o amigo leitor possa fazer melhores escolhas ao ler. Não se preocupe em ter problemas: você terá. A questão é o que você vai fazer com eles. 
Eu os transformo em flexões de braço até hoje.

3 comentários:

  1. Parabéns Norson pelo texto, pela história e pela persistência! Estou começando agora a treinar e com certeza esse texto me ajudou e vai ajudar muito nesta nova fase! Parabéns!

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  2. Este é o cara que me fez fazer 150.000 flexões!! Shifu Norson!

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