quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A piscina e eu

Quando eu era garoto, frequentei muito o meu clube. Com a escola no período da tarde entre os anos de 82 e 84, minha tia Ruth podia levar a mim e a minha irmã às 3as e/ou 5as para o nosso distante local de lazer (até hoje não sei se agradeci apropriadamente por isso, mas foi muito bom).
Como (quase) qualquer moleque entre os 8 e 10 anos, eu queria jogar bola. Quadra e bola nunca faltaram no clube, mas o estanho horário matutino durante a semana tornava as coisas um pouco menos prováveis de acontecer. Já minha tia e minha irmã se empoleiravam na piscina logo cedo, e por lá ficavam até a hora de irmos embora. Minha tia nunca escondeu que me queria na piscina também, mas eu tentava primeiro chutar umas canelas e fazer um par de gols para depois ir nadar um pouco. 
Passados quase 30 anos, eu tive 2 dias de reencontro com a piscina. Como desde janeiro de 2012 eu me recuso a participar de eventos de caráter religioso, tive os dias 24 e 25 totalmente a meu dispor. E como não faltou nem Sol nem calor, tudo se encaixou. Então narro aqui minhas 4 idas à piscina nestes 2 dias, para ao final deixar uma pergunta.
  • período 1
Depois  de resolver com razoável sucesso uma treta bancária, desci para a piscina do prédio por volta de 10h10. Fui munido de roupão, chinelo e protetor solar. Passei o protetor o mais rápido que pude e deitei em uma espriguiçadeira. O deck estava vazio e limpo e céu sem nuvens. O importante do deck vazio é que os seguintes exemplares da fauna local estavam ausentes:
- bêbados contando piadas
- bêbados filosofando sobre a vida
- bêbados rindo alto
- garotos aborrecentes tentando um provar que melhor que o outro em algum quesito
- mulheres falando da novela, de celebridades, de cortes de cabelo ou outras futilidades.
- funkeiros, pagodeiros, axezeiros, sertanojos, sambistas, mpbistas ou quaisquer outros fãs de estilos musicais asquerosos.
- crianças correndo
- crianças chorando
- crianças pulando na água
- crianças gritando
- crianças
Para não dizer que o silêncio era completo, o morador do primeiro andar ouvia música bem alta. Mas era um estilo eletrônico curioso que eu nunca tinha ouvido antes. Ou seja, não era ruim. 
Aliás, não havia nada do que reclamar. 
Tomei sol de barriga, de costas e de barriga de novo. Entrei na água e nadei um pouco. De repente, eu estava entediado com aquilo. Horário: 10h55.
  • período 2
Descobri que não bate sol no meu deck depois das 17h. Sim, eu desci às 17h15. 
Mudei os planos e fui para a sauna, que alternei com a ducha fria. O tédio chegou às 18h05
  • período 3
Já no dia 25, acordei um pouco mais cedo e, sem banco par ir, fui para a piscina às 9h30. Usei o mesmo equipamento do dia anterior, somando o celular e um fone de ouvidos. 
Desta vez, havia um pai com uma criança na piscina infantil. Postei-me no ponto mais distante possível disso e, com ajuda da rádio UOL 89FM, não ouvi a voz da criança. 
Tomei sol de barriga, de costas e de barriga de novo. Entrei na água e nadei um pouco (pouco mais que o dia anterior). Foi quando me dei conta que o pai levar o garoto embora, pois o sol começava a ficar nocivo. Segui os passos deles. Eram 10h40, mas admito que estava entediado.
  • período 4
O calor da tarde estava tão sem noção que eu estava transpirando em frente ao ventilador. Eram 16h20. Desci só de sunga e caí direto na água. Optei por não nadar, e esperei até que as ondas da água se dissipassem. Ali fiquei tentando, em vão, me refrescar. Acompanhei o Sol indo embora do deck. Fiquei entediado por volta das 17h e fui embora.

Pergunto agora, e não em tom de desafio mas sim de honesta curiosidade. Qual é a graça de passar o dia na piscina ? 
É sério, alguém explica por favor ?


Um comentário:

  1. Cara, para quem não gosta de nadar, tomar sol ou de momentos de "muga" (vou deixar assim para ver se você descobre sozinho o que significa) não tem a menor graça.

    Mas aí precisa se levar em conta que, ao contrário do que parece, piscina não é um lugar, é um evento social.

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