terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Chance de uma Vida (11)

Diferentemente de quando saiu da pista sabendo que teria a reunião de há pouco, Saulo não saiu dela tão aéreo ou perdido. Agora sabia do que se tratava tudo aquilo.
Claro que era uma decisão complicadíssima. Precisava ler o tal contrato e, provavelmente, chamar algum profissional estranho a ele para ajudar. Precisaria confiar em um estrangeiro desconhecido em outro país, o dele por sinal. Precisaria ligar para pilotos profissionais, que o veriam como futuro concorrente, para pedir ajuda. Aceitar implicava largar tudo que fizera em sua vida profissional até agora, com grandes chances de não ter volta nessa decisão. Havia uma pilha de documentos para providenciar: o visto de turista era algo simples, mas ele duvidava que o visto de trabalho seria a mesma coisa. 
- Céus - falou baixo para si mesmo - Tenho até a Patrícia para pensar...
Terminou o steak e pediu pela conta, apenas para confirmar que o Richard havia pago. Havia.
Com o envelope nas mãos, foi para seu quarto estudar o conteúdo. O contrato se mostrou incompreensível ainda na primeira página. Era um turbilhão de informações jurídicas em inglês. Sequer em português ele entenderia aquilo. O contrato tinha 18 páginas, então não havia sentido algum insistir naquilo. O envelope ainda tinha uma folha com alguns nomes e telefones. Havia 3 empresários e 2 pilotos, ambos brasileiro e um deles bem conhecido. 
Pegou o telefone do quarto, apenas para descobrir que sequer sabia como fazer um ligação externa. Ficou lendo as instruções até achar uma indicação. 
Ligou para o brasileiro menos conhecido, que não atendeu. Ligou para o outro, que também não atendeu. Olhou para os nomes dos empresário, mas concluiu que não conseguiria falar com eles de todo modo.
Fez, então, uma ligação internacional para Patrícia. Essa atendeu, meio chateada por não ter sido lembrada até então. Mas quando Saulo explicou o que estava vivendo, o tom mudou. Patrícia entendeu a ansiedade que Saulo estava vivendo e foi compreensiva. Ouviu tudo que ele tinha para contar, embora ele tenha tentado ser breve. No entanto, quando ele contou do contrato, ela logo percebeu que ele estava considerando aceitar, e isso azedou o tom da conversa. Ela achava um absurdo Saulo largar tudo para correr de carro. Achava que era uma aventura louca e insana. Achava que fazer aquilo era comportamento de um moleque irresponsável.
Saulo não deixava de dar-lhe razão. Ainda assim, era tentador. Não fosse, não havia decisão a tomar, oras. E se havia decisão a tomar, é porque havia vantagens. E por essa linha de raciocínio, Saulo começou a co argumento do tipo "a vida é uma só" e "devemos seguir nossos sonhos". Logo percebeu onde isso levaria.
Levantou-se da cama, pegou a carteira e o passaporte e, então, achou o bilhete daquela loteria. Pensou:
- Bem... vou aproveitar a descida e ver no que deu isso aqui.
Ao chegar a lobby, notou que o corvette não estava mais lá. Mas o cartaz com os números sorteados estava. Seu coração começou a palpitar. 4-6-5-3-9-1. Era seu bilhete. 
O corvette era dele. Não bastava ter uma proposta para virar piloto profissional, ele ia fazer isso dirigindo um corvette. 
Ah, Vegas...

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