terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A Chance de uma Vida (15)

Os advogados do hotel ficaram tão surpresos quanto o próprio oficial Silva. Enquanto os dois que apenas tinham ordens de apresentar a oferta e uma mínima margem de negociação estava ali, uma equipe já se preparava para um confronto que, agora eles sabia, jamais iria acontecer. O hóspede aceitou a oferta na primeira reunião: isso não tinha precedentes. 
Pediram, então, um dia para ajustar a papelada. Dia que Saulo passou entre mesas de black jack, a piscina e vagando pela Strip.
No dia seguinte, 9h, reuniram-se novamente. Oficial Silva não daria suporte além daquela reunião, mas o clima tenso dissipara na véspera. Todos estavam sorridentes. Saulo teve até a impressão de estar fazendo mau negócio, mas era tarde para voltar atrás. Fingiu que lia os termos do acordo, pegou o cheque e saiu da sala. Quase esqueceu sua cópia dos termos.
Os termos pouco importavam na verdade. Bastava não processar o hotel e nunca comentar nada que certamente estaria dentro dos limites. Era simples,  na verdade.
Dali, pegou seu carro e imediatamente seguiu para o Bellagio. Tinha uma resposta para dar.
Chegando lá, estacionou o carro e foi à recepção. Pediu para que procurarem um senhor Richard Craig, que foi localizado e contatado prontamente. 
Richard desceu e demonstrou surpresa ao ver Saulo sozinho. Achou que o rapaz recusaria a oferta e logo puxou o assunto:
- Bom dia, sr. Pereira. O senhor veio recusar minha oferta, eu suponho.
- Sim, mas porque ela é uma porcaria. A oferta, as condições. Não seu time.
- Ah, sim. O senhor quer o que então ?
- Quero a temporada toda. 
- Sr. Pereira, eu lhe disse que pretendo compartilhar o carro. 
- Não dou a mínima. Eu compro a vaga.
- O senhor o quê ?!
- Fiz as contas. O senhor vai oferecer 5mil dólares por corrida por 5 corridas para 3 pilotos. Isso dá 75mil. Eu pago e a vaga é minha.
- 75 mil. Sei. E onde o senhor vai arrumar essa quantia?
- Eu já tenho.
Richard finalmente foi pego desprevenido e não pode mais se esconder atrás do olhar firme.
- E onde você arrumou isso tudo?
- Sinto muito, isso é confidencial.
- E como o senhor pretende pagar?
- Com isto.
Saulo mostrou o cheque do hotel, no valor de 142mil dólares. Richard não consegui sequer começar a imaginar o que tinha acontecido.
- Bem... O senhor vai precisar movimentar esse valor. Já arrumou um agente?
- Ainda não.
- Arrume um. Vou colocar meu advogado em contato com o senhor para tratarmos dos trâmites do seu visto. 
- Ótimo.
- Quero o senhor na sessão de testes da próxima semana.
- Onde?
- Iowa. Depois Kentucky. Você precisa treinar e ganhar ritmo de corrida. 
Três semanas depois, entre as sessões de testes no Kentucky, lembrou-se de Patrícia. Ligou para ela do hotel para contar as novidades. Patrícia foi seca, quase grosseira, quando lhe disse que estava saindo com outro rapaz. Verdade ou mentira, não importava mais, ele pensou. Essas três semanas mostraram a ele mesmo que moça fazia parte do passado.

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