quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cansei

Não é de hoje que meu interesse por futebol cai mais rápido saldo de conta de professor. Isso se devia a principalmente a dois fatores, ambos intra-campo. 
Por um lado, o esporte, enquanto jogo, tornou-se repetitivo e previsível em cada jogada. Não temos mais as variações táticas, as surpresas. Até as jogadas são sempre as mesmas, como linha de fundo para cruzamento, troca de passes pelo meio até entrar na área ou apenas circular a bola até se abrir espaços para um chute de longe. Quase nenhum time usa dois meias ofensivos: é sempre um meia e três volantes. O único time que tentou isso, e que eu me lembre, foi o São Paulo com Ganso e Jadson, e o esquema se provou fraco.
O segundo motivo era a arbitragem. Não se passa uma rodada de qualquer campeonato sem que algum erro grave altere um resultado. E nada é feito a respeito disso, em nível algum. Isso estraga demais o jogo.
Mas eu ainda resistia, embora menos empolgado.
Agora entra o STJD e brincadeira acabou de vez. Os lances bizarros que compuseram a queda da Portuguesa são tantos que assustam. Comecemos pela expulsão de um atacante reserva no jogo da 36a rodada. Não vi o lance, mas ele conseguiu entrar em campo e ser expulso rapidinho assim? Que seja. 
Daí ele cumpre a suspensão automática na 37a rodada, no meio da semana. Na 6a-feira, dia 6/12, acontece o tal julgamento da expulsão. Já está errado em princípio: a pena deveria ser uma tabela pura e simples, sem essa de julgamento. E o rapaz pega dois jogos, quando 3/4 dos casos similares deram apenas 1 jogo. Que seja.
O advogado informa a Portuguesa que o atleta não tem condições de jogo, e esta diz que o aviso não foi dado. Começa o jogo de empurra. No domingo, em um jogo que não valia nada, o atleta é posto em campo aos 38 minutos do segundo tempo. Ou seja, a tempo apenas de causar essa confusão toda. Se o time pode perder seu principal atacante negociado, precisa repor o elenco. E daí usa esse rapaz, Heverton. Mas se é para dar chance, coloca para jogar o jogo todo, não? Por que apenas aos 38 minutos do segundo tempo? E como ele tem histórico de expulsão rápida, não era melhor colocar mais cedo, para evitar que ele entre pilhado demais no jogo? Que seja.
Seguem as acusações, súmulas, recursos. Vem o julgamento.
A Portuguesa contra um sujeito totalmente despreparado para fazer a defesa. O cidadão tem apenas 10 minutos para explicar seu caso, e usa mal, comparando a presença do jogador a um chuchu, por não ter feito diferença alguma na partida. Não era viável chamar um cara melhor para um assunto tão crítico? Que seja.
Também, verdade seja dita, a defesa não feria a menor diferença. Terminada a explanação, o tal juiz abre uma pasta e puxa uma folha de papel já preenchida com o parecer. Tudo estava decidido antes. 
Agora eu cansei. Chega, gente. Está descarado demais. Perdeu a magia, o véu de esportividade. Foi-se, e não creio que tenha volta. Como diria o apresentador, isto é uma vergonha.
Preparo minha despedida dos gramados para esta Copa do Mundo. Depois dela, afasto-me do futebol. Claro que lerei notícias, mas com os mesmos envolvimento e preocupação de quem acompanha a bolsa do Tóquio: algo importante para muita gente, mas que pouco ou nada me afeta. 
Já passados dos 40, marco minha despedida dos gramados.


Um comentário:

  1. Se o problema é esse, pare de assistir futebol brasileiro e comece a acompanhar campeonatos sérios como o Campeonato Inglês e a Champions League. Não é como se você já não gostasse de esportes estrangeiros, por assim dizer. :P

    ResponderExcluir