quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cosmologia e Ciência parte 4: A Teoria do Big Bang

Qualquer pessoa que já debateu, ainda que por breves momentos, a origem do Universo já estudou, comentou ou citou a Teoria do Big Bang, a mais conhecida tese sobre como surgiu tudo. Se perguntarmos a uma pessoa qualquer do que se trata essa teoria, a resposta sairá mais ou menos assim:
"Ah... É a origem de tudo. Muito tempo atrás, toda a matéria estava concentrada em um único ponto. Então, uma grande explosão aconteceu e tudo começou a se afastar. Partes dessa matéria posteriormente se agruparam em galáxias e dentro delas em estrelas.".
Com todo o respeito, duvido que o leitor tenha detectado o erro da definição acima. na realidade, a versão acima é um tanto... bíblica. Vejamos uma defiição ainda simplória, mas mais correta.
"É a teoria segundo a qual o Universo estava compactado em um único ponto antes de uma expansão acelerada que ainda está acontecendo."
Pergunto se o leitor percebe a diferença entre as duas versões. Em caso negativo, segue a sutileza: enquanto a primeira versão coloca toda a matéria em um único ponto a segunda coloca todo o espaço-tempo em um único ponto. Não é a mesma coisa, nem sequer é parecido. Como veremos na próxima parte, a consequência dessa mudança é brutal em termos filosóficos.
Para uma melhor compreensão, retomo a analogia da bexiga de festa. Imaginemos uma bexiga azul, com bolinhas amarelas (uma singela homenagem musical). À medida em que sopramos a bexiga, as bolinhas vão se afastando umas das outras. Mas elas jamais deixaram de pertencer à superfície da bexiga. Quando a bexiga estava menor, as bolinhas estavam mais próximas porque a bexiga estava menor, e não porque elas pudessem se mover mais e ainda não o haviam feito. Nao é a mesma coisa que uma mosca voando dentro da bexiga: é preciso pensar que apenas a superfície da bexiga é um local "válido" de se pensar: o interior "não conta".
Assim, já deixando um link para a quinta e, creio, última parte, temos que pensar em um universo com todas as suas dimensões compactadas a zero. É até fácil pensar no espaço zerado: simplesmente não há espaço. Nada se move pois não há para onde se mover. Quando descrevi espaços uni, bi e tridimensionais na primeira parte desta saga, era simples desconsiderar as demais dimensões. A ideia agora é a mesma, banstando-se desconsiderar todas. Não é complicado, embora um pouco claustrofóbico.
O bixo pega quando não há dimensão-tempo. Não é uma questão de o tempo estar parado, é um a questão de não existir tempo e ponto final. Não há eventos, não há fatos, não há nada. Falta até mesmo um tempo (tá vendo como estamos presos a ele ?) verbal adequado para se descrever isso, pois nossa linguagem está presa a nossa percepção, não podendo ser maior do que aquela. E como percebemos o tempo como uma moldura na qual os eventos ocorrem, é incrivelmente complicado falar em um cenário sem essa base de sustentação imaginativa.
Amanhã termino esta saga com um gran finale especial.

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