terça-feira, 17 de abril de 2012

Quando a corporação erra

Falarei agora de um assunto que está quente não só na minha cabeça, mas na de todos os meus colegas fãs da Nascar (para quem não sabe, é a principal categoria do automobilismo norte-americano). Há alguns anos, a Nascar vem sendo transmitida pelo canal Speed, com narração jovial de Sérgio Lago e excelentes comentários de Roberto Figueroa. Eu já admirava a categoria há algum tempo e comecei a acompanhar a sério em meados do ano passado, após uma visita ao autódromo de Daytona, na Florida.
Ocorre que o canal Speed é uma parte do conglomerado Fox, que inclui os canais Fox, Fox News, FX, National Geographic Chanel, Nat Geo Wild, Fox Life e Bem Simples (confesso que só descobri este último no site deles). Não se trata, portanto, de uma microempresa ou de uma emissora religiosa de fundo de quintal.
No segundo semestre de 2011, a Fox anunciou a chegada do canal Fox Sports ao Brasil. Grande notícia, sem dúvida: como fã de esportes, penso que quanto mais opções tivermos de canais, melhor. O problema é que isso sempre incomoda a concorrência. Neste caso, incomou o Sportv e, por tabela as Organizações Globo, proprietária do canal e de uma montanha de outras atividades econômicas. No meio da montanha, está a operadora NET de TV a cabo, controlada indiretamente, e a Globosat numa operação menos discreta.
Quem tem acompanhado a novela da entrada do Fox Sports sabe que as operadoras em geral, e a NET em particular têm criado o máximo de dificuldades possível para a entrada do novo concorrente na grade. As alegações são as mais estapafúdias, chegando ao cúmulo de alegar "falta de espaço na grade". Seguem links para alguns capítulos, caso o leitor queira se aprofundar no tema:


Até aí, sou solidário à Fox. Não é fácil brigar com a Globo, mas também não há brasileiro sem o sobrenome Marinho que realmente a ame. No final das contas, a Fox teve que sacrificar um de seus canais para dar espaço ao Fox Sports.
Não deve ser fácil nem divertido fazer isso. É como o pai que tem 8 filhos e só pode colocar 7 na escola: quem vai para o farol pedir esmola, então ? Sobrou pro Speed. Pessoalmente, eu não sentiria falta alguma de Fox Life ou de Bem Simples (que eu nem sabia existir, quiçá que era deles...). Mas imagino que a alta direção da corporação tenha escolhido com cuidado. Não se pode negar uma certa similaridade entre um canal de automobilismo e um canal de esportes em geral. E cá entre nós, quem realmente estava vendo as reprises do Monster Jam ou o do Pinks All Out?
O medo de perder as corridas de Nascar ficou de lado dia 01/04: transmissão na íntegra da corrida do dia, com Lago e Figueroa nos microfones. O fim de semana seguinte, de Páscoa, não tinha corrida. E chega o triste dia 14/04.
A corrida do Texas estava programada para 20h (Brasília). Programei meu DVD para gravar, mas por acaso estava em casa na hora e fui acompanhar o começo da corrida. Surpresa!
Fox Sports estava iniciando a transmissão de um jogo de basquete válido pela "Liga das Américas 2012". O clássico em questão era Cocodrilos da Caracas (Venezuela) e Capitanes de Arecibo (Porto Rico). Não estou brincando, juro que esses eram os times. E para completar a beleza da coisa, o jogo empatou duas vezes indo para prorrogação em cada oportidade. E eu, desesperado, torcendo para qualquer um ganhar para acabar logo aquela porcaria.
A transmissão começou efetivamente por volta de 22h30, com mais de meia prova já cumprida (eu estava em pânico tentando saber se haveria VT ou algo assim). Neste ponto, um lampejo de inteligência fez com que a transmissão fosse feita na íntegra, desde o começo da corrida embora ela estivesse em andamento. Problema resolvido, certo? Numas.
Com 15 minito de transmissão, na volta 27, veio um intervalo comercial. Na volta dele, 120 segundos depois, a corrida misteriosamente estava na volta 48.
Não basta anunciar errado, começar atrasado e ainda por cima tem que cortar um pedaço ?
Gente da Fox, por favor ponham a mão na cabeça. O Fox Sports assumiu a posição do Speed na grade, então é herdeiro de seus telespectadores. Deve, portanto, de nós cuidar, oras. E, embora não fosse uma audiência massacrante, é evidente que as provas na Nascar eram o carro-chefe do Speed. É como o novo dono da pizzaria desconsiderar os clientes antigos só porque agora também vende frango assado.
Tratar-nos assim é triste, é lamentável, é burrice aguda.
Hoje, não temos alternativa de transmissão. Não há ameaças do tipo "trocar de canal" ou "vocês vão ver quando eu cancelar a assinatura". Mas um dia a opção chega, Fox, e vocês não perdem por esperar.
Vai ter troco, isso não fica assim.

2 comentários:

  1. A possibilidade levantada pela Globosat que não tem espaço na grade é absurda: ela é uma programadora, empacota os canais em uma frequência que não é determinada por ela, e manda para a operadora de TV.
    Aí alguém vai me corrigir e dizer que a desculpinha foi da NET...
    A mudança da tecnologia analógica para digital dos decodificadores da NET resolveu completamente o problema de banda livre para canais. Toda a estrutura de cabeamento da NET, em qualquer ponto da rede, sempre tem 30% de sobra de banda para "emergências".

    Assinantes insatisfeitos não são emergência.

    Agora experimenta tirar o Deutsche Welle do ar. Quando fizeram isso foi o cônsul alemão no prédio da NET falar com o presidente da empresa para colocar o canal no ar.

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  2. E assi falou alguém que gerenciava atendimento ao assinante. Obrigado pela participação e seja benvindo, Danilo.

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