quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Aborto

O tema ainda está fervendo nas redes sociais e fóruns de discussão em geral. Uma parcela da população é favorável em graus variados e a outra é contrária. Simplesmente não há concenso.
Mas o que me entristece é o envelhecimento dos argumentos. Lembro de participar de discussões sobre aborto desde pequeno. Minha escola promoveu esse debate quando estávamos na 6a série. Fiquei até surpreso na época, por ser uma escola católica. Lembro daquela atividade e percebo que hoje são os mesmos argumentos que as crianças de 11 a 12 anos que éramos usamos em 1986. Provavelmente, são os mesmos argumentos desde...sempre.
Aqui, faço um aparte positivista. Hoje eu entendo a natureza daquela atividade escolar. Ela não visava chegar a algum resultado, na medida em que resultado não há. Mas visava duas coisas muito importantes: fazer com que cada participante conhece o tema e, por consequência, tomasse um lado do dabete, qualquer que fosse e, numa camada mais sutil, incentivar o desenvolvimento da oratória. Inegáveis avanços.
De volta ao tema, li há pouco a coluna de Hélio Schwartsman na Folha Online:
Sou fã do Hélio há alguns anos. Até quando discordo dele, é uma leitura agradável. No dia de hoje, não que seja o caso de criticar, mas acho que faltou "finalizar", como se diz no MMA. Hélio discorre sobre as diferenças mentais entre conservadores e liberais. Interessantísimo e, admito, me fez repensar uma coisa ou duas sobre como lidar com conservadores.
Porém, Hélio podia ter ido mais longe. O grande problema apontado no artigo é a diferença dos componentes morais dos dois lados, que fazem com que um queira fortemente proteger a vida em potencial de um feto, enquanto a outro não enxerga realidade no potencial.
Então entra a questão do respeito, ou tolerância como está mais na moda. Os dois lados não vão se entender mesmo, então é melhor aceitar e viver com essa diferença. O problema surge quando um lado quer impor seu modo de agir ao outro. E me desculpem os conservadores, mas é isso que os senhores estão fazendo com os liberais ao restringir o aborto. Em resumo, "Se não quer, não faça. Mas não se meta na vida dos outros". Esse sim é um argumento novo, provavelmnte datado do surgimento da segunda religião humana, que certamente entrou em choque com a primeira e foi por ela reprimida. Provavelmente há uns 8 mil anos ou mais.
Essa é minha tristeza do dia. Já enviamos 12 seres humanos a outro corpo celeste, tripicamos nossa expectativa de vida, dominamos todos os continentes, curamos grande parte das nossas doenças, calculamos bilhões de casas decimais de pi e ainda não conseguimos deixar o vizinho em paz.


Um comentário:

  1. O maior problema aqui não é nem moral, eu acho. Eu acho que o maior problema é mais ético. Porque segundo meu antigo professor de ética e moral, moral é algo que muda com o tempo mas ética é atemporal.

    De mais a mais, os conservadores tem o direito de impor o que pensam da mesma forma que os liberais tem. Isso se chama democracia, ou como alguns, como eu, preferem dizer, a ditadura da maioria.

    Afinal, se amanhã a maioria decidir que jogador de RPG merece pena de morte, nós não temos nada a dizer sobre o assunto...

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