Que tal fechar a viagem com algumas chaves-de-ouro, hein?
Pela manhã, fomos eu e Maurício a Chinatown. Aquela mesma,
dos filmes e tal. Ficava a 1 milha do hotel, com uma única curva incrivelmente
óbvia para ser feita. Fomos cedo, já com o plano de tomar café por lá. O cedo
aparentou ser problema, pois muitas lojas estavam fechadas ou abrindo. Logo
entendemos que Chinatown é um trecho de cerca de 800m de uma rua, estendendo-se
uma quadra para cada lado. Isso mesmo, amigo leitor paulistano: é menor que a
Galvão Bueno em nossa Liberdade.
Em uma dessas laterais achamos uma, literalmente falando,
padaria chinesa. Pareceu um bom lugar para o café da manhã pois um veículo de
entrega estava sendo carregado ali. Acertamos. Foi meio complicado fazer o
pedido, pois nem atendentes nem clientes falavam inglês. O cardápio era em
chinês. Nas paredes. Sem preço. Um caos completo. Ainda assim, comemos 2 pães recheados cada um, com chá de não sei o quê, ao custo total de 7 obamas.
Eu buscava armas de kung fu, missão que logo abandonei.
Chinatown tem 3 tipos de lojas: mármores e decorações, lojas altamente
especializadas em algum tema específico (e nenhuma delas era de artes marciais)
e quinquilharias. Este último tipo predomina fortemente, e são todas a mesma
coisa. Vendem pratos, talheres, copos, assadeiras, mamadeiras, brinquedos, roupas, canetas, caixas, leques, maquiagem, envelopes, cardeiras, CDs, cinzeiros, facas, ferramentas, tábuas de passar roupa e eventualmente, aparelhos de som. Mais ou menos nessa ordem.
Eu quase estava decepcionado quando achar uma loja que o Maurício
procurava para comprar chá chamada Red Bloomsom. Que loja, que atendimento e que aula de chá que tivemos !
Mais que dobrei meu skill no assunto em uma hora. Fizemos parte de uma cerimônia do chá com
a dona da loja que explicava tudo com incrível calma e precisão. Não tenho nem como escrever aqui todos os detalhes, mas para resumir, saibam que um bom chá permite que você passe vários turnos de água fervendo por ele, e ele deve ficar melhor a cada passagem.
Andamos um pouco mais e achamos, por acaso, um restaurante
listado para ir: Stinking Rose. O caras fazem tudo a base de alho. Tudo.
Marcamos o local, voltamos ao hotel para buscar a Sandra e voltamos lá para
comer. Pedimos uma entrada de alho no azeite com pães de alho e o prato
principal foi frango ao alho. O cardápio dizia que ele vem com 40 dentes de
alho, mas acho que tinha bem mais que isso. Ainda sairia de lá com uma
camiseta, temperos e uma lembrança para a namorada.
A escolha do local ainda tinha um bônus: ficava exatamente
no meio do caminho entre o hotel e o píer 33, local de saída do passeio da
tarde. Andamos calmamente até lá para a visita noturna a Alcatraz.
Outro golaço do dia. Havíamos comprado os ingressos em
agosto e logo lá vimos várias pessoas darem de cara com a porta: ingressos
esgotados até dia 12. Planejamento é vital, gente.
O barco nos levou até lá e fizemos um primeiro tour com
áudio guide muito bom, narrado e comentado por guardas e detentos que estiveram
por lá. O foco é o bloco de detenção, mas são mostradas outras partes também.
Durante esta parte, pegamos o pôr-do-sol, onde pude fotografar o sol abaixo da
Golden Gate e raspando o horizonte. Lindíssimo, espero que a foto tenha
ficado boa. Depois do tour, há 4 opções de narrativas adicionais e cada um por
si escolhemos a mesma: a grande fuga de 1962. Muito bom o passeio, mesmo.
Classificação Asimovia: 3 sabres de luz.
Descemos no píer 33 e caminhamos para o 39 com a intenção de
jantar. Nada fechou com a gente, não sei porquê, e seguimos até o píer 45. Lá
era algo mais simples e ficamos em um restaurante de frutos do mar onde comi
uma salada de camarão e um peixe (qual mesmo?) com legumes. Delicioso.
Fizemos uma rota para voltarmos a pé para o hotel e bem no
começo da rota damos de cara com o famoso bondinho que cansamos de ver pela
cidade e não havíamos usado. Seis obamas por pessoa e fizemos mais um passeio
que ainda nos economizou tempo. O sistema do bonde é uma coisa muito engenhosa.
O bonde em si não tem motores ou nenhum tipo de propulsão. Um mecanismo de
tração abaixo dos trilhos é engatado e traciona o bonde pela linha. Sei lá eu
como engata isso, mas é bem divertido.
Descemos no ponto final, a tempo de passar em um Walgreens e
comprar suprimentos para a viagem de volta.
E assim acabava uma de minhas melhores viagens.
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