quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Educação (Des)Continuada

Qualquer um que leia meus textos ou me conheça pessoalmente sabe o quanto eu odeio o PT. Por oposição, acabo sendo eleitor costumaz do PSDB. Defendo a maneira realista e objetiva de governar em qualquer esfera do governo. Rio das furadas acusações de corrupção que jamais vieram acompanhadas de uma farpa de prova que fosse. Mas se tem uma medida tucana que me tirou do sério nesses anos todos foi a Educação Continuada, conforme vemos em São Paulo.
Para quem não sabe, o conceito é não reprovar o aluno: mesmo que ele não aprenda, ele segue com sua turma e vai aprendendo a matéria à medida que pode/consegue. Os tontos educadores dizem que isso visa mitigar a evasão escolar. Burrice aguda.
Lembro de quando eu era estudante. Nunca criei caso por causa da escola, mas se tem uma coisa que sempre esteve bem clara era que se eu considerasse a ideia de parar de estudar, meu pai me viraria do avesso. Antes que alguém se espante com isso, posso afirmar o mesmo sobre todos os meus colegas, de todas as séries, de todas as escolas que frequentei em relação as seus respectivos pais. E muito certos estariam se assim o fizessem
Tive alguns amigos e colegas que repetiram de ano. Tive muitos amigos e colegas que passaram perto de repetir de ano. Nenhum deles deixou ou considerou deixar a escola por causa disso. Até onde pude acompanhar, todos foram, cedo ou tarde, para suas faculdades e se tornaram bons cidadãos. 
Então onde diabos está a tal da evasão escolar ?
Os relatos que ouço e leio são de jovens desajustados, mas principalmente de pais fracos e frouxos. Os filhos deixam as escolas, principalmente, porque seus pais deixam ou fazem com que eles saiam. E não é a Educação Continuada que fortalece os pais. Ao contrário, amolece os filhos e, pior, atrapalha o ritmo de aprendizado de quem deveria estar em dia. 
É fato amplamente conhecido que a Educação no Brasil tem caminhado ladeira abaixo há décadas. Aqui, não vou partidarizar o assunto: a lambança é geral. Sai governo, entra governo e o nível médio dos estudantes piora inexoravelmente. Vinte anos atrás, quando fiz ensino médio (segundo grau na minha época), resolvíamos equações de 2o grau com o pé nas costas e escrevíamos redações semanais. Alguns  colegas de FEA, formados no ensino médio há pouco mais de 10 anos já se embananavam com a Fórmula de Baskara. Os alunos de hoje não sabem montar uma equação do primeiro grau e não sabem a diferença entre "discutiram" e "discutirão". Meus pais, apenas para caminhar um pouco no outro sentido, estudaram francês e latim. Enfim, não preciso dar mais exemplos.
Não sei dizer se os estudantes paulistas pioraram mais ou menos que os dos demais estados. Não tenho contato suficiente com eles para saber. Não se pode afirmar, portanto, que a culpa do problema é a tal Educação Continuada.
Mas que é fato claramente estabelecido que essa é uma ideia fraca, não preciso mais afirmar.

4 comentários:

  1. Engraçado que a idéia de educação continuada foi importada. E apesar dos donos originais da idéia nào admitirem, ela nunca funcionou.

    Interessantemente acabei de ler um livro que, no meio das explicações, demonstra de onde teria vindo a idéia. E por que a idéia é ruim...

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  2. Existem estudos bem antigos que demonstram que, dentre as causas não-genéticas para distúrbio mentais, estudar demais estava no topo. Some a isso alguns estudos de Psicologia sobre o impacto do legado cultural no cotidiano e dá para traçar a origem do erro.

    Veja, eu não estou contestando os estudos (excesso de estudo nada mais é do que burnout por stress acumulado e o legado cutural já foi comprovado por milhares de estudos) o problema é que boa parte do nosso modelo educacional foi baseado nele.

    Digamos que é por causa dele que no ocidente temos três meses de férias escolares, algo que eu e praticamente todo o oriente achamos no mínimo estranho. A idéia de que você não deve forçar o estudante, dar a ele tempo para amadurecer as idéias sozinho e não colocar pressão sobre ele é a base da teoria da educação continuada. Blame the French.

    Não digo que você tem que abolir as férias e força o povo a estudar 18 horas por dia (apesar do sucesso das KIPP nos Estados Unidos) mas ir para o outro extremo é tão prejudicial quanto.

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  3. Educação continuada é um câncer! E os resultados estão aí pra todo mundo ver. Por muito tempo atendi público adolescente em meu atelier porque na época trabalhava com cosplay. Recebia inúmeros emails por dia com pedidos de orçamento e coisas do tipo, e alguns chegavam a me causar revolta. Cansei de responder emails com esse conteúdo "Nós do Atelier XXXX ficamos muito felizes com seu contato, mas infelizmente não foi possível entender sua mensagem. Talvez haja algum problema na configuração do seu teclado, pedimos que verifique e reescreva para nós."
    É claro que eu sabia que não era um problema de digitação, mas cheguei a enviar essa mensagem mais de 20 vezes num mesmo mês para pessoas diferentes. Não faz 10 anos.
    Meus pais tinham a mesma postura que os pais do Norson em relação a educação, e uma formação semelhante. Nunca cheguei a cogitar sair da escola, quando eu estudava isso era uma realidade triste das áreas rurais, onde os pais tiravam os filhos da escola pra ajudar na roça.
    Hoje em dia os adolescentes se formam no ensino médio sem saber pensar. Passam sei lá como no vestibular e enlouquecem os professores que não tem a menor obrigação de ensinar o básico a um cara que deveria ter formação pra isso. A maioria não entende o que lê , e como consequência não sabe se expressar. É um festival de puke (porque), xatiado, axim (assim, não é assim nem na China!), bunitu, cumpra (ele queria comprar alguma coisa), nois vai (eita!), eçe (esse, sacou cara, ops kr?), numa mistura louca de analfabetês com internetês(e viva a inclusão digital!). E vai discutir. Afinal, o cabra passou de ano!!!!!
    Não acho que acabar com as férias da galera seja a melhor medida, mas um pouco mais de atenção ao desempenho de cada aluno já faria uma diferença imensa. Think about.

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