quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Para agradar Zeus (2)

Olá pacientes leitores. Dando seguimento às minhas sugestões olímpicas iniciadas aqui, continuemos.
A primeira coisa a se rever os esportes com bolas é o formato das competições. Seja qual for a decisão, acho que o formato deveria ser único para todas as modalidades. O esquema do futebol com 2 grupos de 6 times, totalizando 12 vagas sendo uma da nação anfitriã garante que cada time jogue 5 vezes e ganhe uma boa radagem, mas também acaba criando jogos inúteis e desinteressantes, tamanha disparidade que pode ocorrer dentro dos grupos. É válido, desde que se mude o emparceiramento para as quartas de final: os dois vencedores de seus grupos são separados e os demais sorteados pura e simplesmente. Esse modelo tem chance de tornar os jogos da 5a rodada ainda mais desinteressantes, mas acaba com o entreguismo que tem assombrado as competições. A alternativa é o formato do futebol, com 4 grupos de 4 times (15 vagas mais país-sede). Neste caso, classificam-se os dois primeiros e, de novo, deveríamos sortear os confrontos usando os primeiros como cabeças de chave.
O Futebol merece uma atenção particular. Acho uma enorme frescura essa limitação de se usar apenas jogadores até 23 anos de idade (e que porra de critério é esse ?!). Sim, corre-se o risco do torneio virar uma "mini-Copa do Mundo" fora dos auspício$ da FIFA, mas todos os esportes coletivos são assim. O problema potencial real é o futebol drenar atenção demais de outras competições e isso sim eu acharia chato. A se pensar.
Ainda nesse tema, claramente faltam modalidades: Baseball (que já fez parte das Olimpíadas), Futsal, 21 (entre diversos outros nomes para o basquete de rua), Futebol de Praia (com um custo de instalação baixo, na mesma arena do Volei de Praia), Queimada (Hardball), Bocha e, principalmente, Rugby. Acho um completo absurdo o Rugby não ser esporte olímpico. Futebol Americano, Lacrosse, Futvolei e Society são modalidades ainda muito particulares, mas que poderiam entrar nessa lista em algum tempo.
Ciente de que isso necessitaria de novas arenas e, principalmente, uma enormidade de atletas adicionais, essas novas modalidades precisariam ser disputadas em calendários apertados para que os times eliminados já fossem (cuidado com as palavras agora...) substituídos por equipes que estão chegando no meio do evento. O Rugby e Futebol precisariam conviver de algum modo nos mesmos estádios. Volei, Basquete, Futsal, Queimada, Handebol e 21 também, mas neste caso é mais simples. O Baseball exige uma arena própria e, portanto, um calendário inteligente. Críquete e Bocha são mais tranquilos de alocar. Volei de praia e futebol de praia também. Acho que dá sim.
Nos esportes com bolinhas, claramente falta o Squash, Críquete (amplamente praticado na Commonsweath), e o Golf. De modo geral, são esportes muito pouco midiáticos: é um saco de ver pela televisão. Mas isso não invalidade suas características esportivas.
Sobre os esportes com ferramentas, começa um longo e chato debate sobre ser ou não esporte. O argumento principal dos chatos é que tirando a ferramenta, o esporte desaparece. Bem... tirando a bola, o que sobra do futebol? Tirando a cesta, o que é o basquete?
O ponto central seria que a ferramenta faz boa parte do trabalho. Grande mentira: vá você, senhor cri-crítico, atirar com um arco nas Olimpíadas e ver o tamanho do seu vexame. Mais que isso, troque os arcos de dois competidores, e ambos continuarão eficientes, precisando apenas se ajustar ao novo utensílio.
Assim, ficam alguns esportes com ferramentas faltando no calendário olímpico: Esqui Aquático, Escalada, Patinação de Velocidade, Arremesso de Dardos e, claro, Kart. E não me venham dizer, de novo, que quem corre é o kart e não o piloto.
Por último ficaram os esportes com notas. Pessoalmente, não os considero como esporte. No fim das contas, tudo depende da boa vontade dos julgadores e isso não tem como dar certo. Porém, se fizerem questão de manter essa categoria nas Olimpíadas, a inclusão será enorme: todos os esportes dos X-Games para começar (Skate, Patins, Bikes, todos em pista livre, half-pipe e rampa; Surf, Kung Fu de formas, Patinação Artística, Fisiculturismo.. melhor parar até.
Acho que é isso, gente. Amanhã eu comento como tornar isso possível em maiores detalhes.

4 comentários:

  1. Olha, concordo com algumas coisas e não com outras (Críquete só é praticado no commonswealth e não tem sequer um número significativo de praticantes profissionais).

    Futebol sem limite de idade faria da Olimpíada a segunda divisão da copa do mundo (ou comparando com algo mais próximo, os jogos olímpicos seriam a Copa do Brasil e a copa do mundo, o Brasileiro). É só ver as regras que deixaram Egito e Coréia do Sul dentro, mas Argentina, Holanda e Alemanha fora.

    Mas veja bem: eu sou o cara que acha que no tenis por exemplo tinham que competir somente atletas que nunca ganharam um Grand Slam. Porque eu acho que existem três tipos de esporte: amadores (praticados por entusiastas), profissionais (que existem independente das Olimpíadas) e olímpicos (que praticamente só existem por causa das Olimpíadas). E acho que nas Olimpíadas só deveria ter esportes amadores e olímpicos (sim, acho que futebol, tênis e vôlei de quadra não deveriam ser esportes olímpicos, por exemplo).

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  2. Quanto à distribuição de vagas, isso também é um drama para a Copa, Rodrigo. Para 2014, por exemplo, entre França e Espanha apenas um virá. Simples assim.
    Gostei da sua classificação dos esportes, mas acho que a Olimpíada deveria ser "para todos".

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  3. O grande problema é que na Copa tem mais vagas que nas Olimpíadas. O que faz sentido: é só um esporte ocupando praticamente o mesmo tempo de uma dezena.

    Entre França e Espanha apenas uma ir ainda é aceitável (em especial vendo o que anda jogando a França) o duro é entre França, Espanha, Alemanha, Holanda, Portugal e Suécia, entre outros, apenas um ir. Ou entre Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela (que anda jogando bem apenar de tudo) Equador, Paraguai e outros sul-americanos só irem dois.

    Sem falar no critério: por que um torneio sub-20 decide as vagas de um torneio sub-23?

    O resultado disso tudo é que ciclo olímpico após ciclo olímpico o futebol masculino vê jogos cada vez mais fracos. Isso é o que faz muita gente dizer que o futebol masculino nas olimpíadas é a segunda divisão da copa do mundo. E pelo nível dos jogos desse ano, tenho sérias dúvidas se alguma das seleções (Brasil incluso) teria sequer se classificado para a Libertadores no Brasileiro.

    Enfim, por mais que as Olimpíadas devessem ser para todos, existem esportes que não precisam dos jogos para serem disputados, e esses esportes tiram o lugar de outros que a bem da verdade só tem alguma chance de aparecer justamente nas Olimpíadas. Basta ver quantas pessoas viram o Mundial de rugby ano passado e quantas viram as Olimpíadas esse ano.

    E veja que estamos falando do terceiro torneio mundial mais assistido do mundo, atrás só da copa do mundo e dos jogos olímpicos. Imagina o quão penoso é para um Cricket, para um Pólo ou para um Karatê não ter esse tipo de visibilidade.

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  4. Update: a França, de fato, virá para a Copa junto com a Espanha.

    Até entendo, mas não gosto da atitude do COI de limitar o número de esportes. Pra um entrar, outro deve sair, esse é o problema. Poderiam perfeitamente fazer um mês inteiro com Olimpíadas, mas não há nenhum aceno nesse sentido por parte das entidades.

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