segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lista Negra: Helbor

Para darmos início à semana, escolhi seguir minha lista negra com a construtora Helbor.
Tratou-se de um caso único, muitos anos atrás, mas suficiente para ofender qualquer cidadão. Lá estava eu, no começo do ano 2000, doido para sair da casa dos meus pais. Minha editora completava 2 anos com faturamento e market share crescendo mês a mês. A grana estava entrando e era o momento perfeito. Comecei a procurar imóveis.
Olhada daqui, olha dali, achei algo interessante. Era um loft em construção na praça Benedito Calixto, em Pinheiros. Hoje, eu não compraria ali, pois tinha uma visão de que era mais próximo ao metrô Clínicas do que de fato era. Mas no momento, empolguei-me.
Eu e meu sócio Marcelo fomos visitar o local. Havia duas unidades no terceiro andar, nos fundos, lado a lado. Era interessante ser fundo, para evitar o potencial barulho da própria praça nos finais de semana. O tal terceiro andar era na realidade o sexto, por serem todos duplex. 
Vi os valores e achei um pouco acima do que eu deveria pagar. Marcelo sabiamente pulou fora mas eu decidi insistir. Conversei com a corretora e dei valores mais próximos do que eu poderia gastar. O prédio estava em obras, e entendi que aquelas unidades estando ainda disponíveis seriam, digamos assim, menos valorizadas por não terem sido vendidas no lançamento. 
A corretora disse que aquele valor que eu ofereci era o preço de uma unidade no primeiro andar. Como eu gosto do tal jogo da negociação, e não tinha nada a perder com isso, decidi fazer uma oferta: oferecia o valor da unidade do primeiro andar na unidade do terceiro. Na mesma hora, a corretora deixou escapar um sorriso e aquilo me animou. Era a cara de quem ia fechar um negócio e receber uma comissão, então eu estava bem na parada.
Então, fizemos uma ligação para a Helbor, a construtora do tal empreendimento. Ela me pediu para não falar nada, pois não era o procedimento ligar na frente do comprador, e em instantes eu entenderia porquê. Depois de passar por duas pessoas, chegou em quem tomava a decisão do lado deles. Ela fez a oferta de modo simples e direto, sem rodeios:
- O comprador está oferendo o valor da unidade 108 na unidade 305 ou 306. Vocês podem aceitar ?
- Olha... Diga a esse seu comprador que nós estamos vendendo a unidade, não doando.
Honestamente, deu pena da moça. Na mesma hora, eu vi a vergonha alheia nos olhos dela, a decepção por perder o negócio e o cliente, sem falar na comissão. E boa parte disso foi por não seguir o procedimento de evitar essas ligações na frente do cliente. Felizmente, eu consegui conter as palavras e não disse nada, para não piorar a situação dela.
Não me recordo da nome dela (acho que era Marília), nem qual incorporadora estava tratando desse prédio. Não guardo nenhuma mágoa de nenhum deles. Nem mesmo no calor do momento fiquei chateado com eles, juro.
Mas essa construtora não respeita o cliente, simples assim. E não era um assunto simples, tratado com funcionários de baixo escalão. Quando se negocia assim, o assunto sobe um pouco na hierarquia, e não era menos do que um supervisor na linha. Era um imbecil, claro, mas um imbecil falando em nome da empresa. Então ela vai pagar essa conta.
Eu não negocio com quem não me respeita. Fim. E isso é para a vida toda. Lista Negra neles, e sugiro que o amigo leitor faça o mesmo.

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