quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pregação

Amigo leitor, por acaso descobri Salvador Nogueira. Não tão acaso assim: a Folha deu destaque a uma de suas colunas, sobre a ida do homem à Lua. Nomeando corretamente as coisas, ele responde pelo blog Mensageiro Sideral, naquele veículo. 
Recomendo bastante. Óbvio: não recomendasse, não colocaria o link para um leitor inadvertido cair por lá e ainda me culpar por isso. Mas mesmo sendo leitor há tão pouco tempo (completo amanhã minha primeira semana de audiência), já me espanto com a pregação religiosa que infesta a sessão de comentários.
Sim, infesta. Do dicionário Aurélio, infestar: percorrer devastando, causar grandes estragos. Admito que talvez não sejam grandes os estragos, mas mostra que a guerra que a Religião declarou à Ciência na Idade Média apenas deixou de ser largamente institucional (embora ainda tenhamos que tolerar declarações temerárias a cada pouco, em particular do Vaticano, de líderes cristãos mais locais e do islã), para ser mais personalista.
Os estúpidos crentes que comparecem à sessão não são funcionários de nenhuma corporação da fé. Não agem como tal, ou além de maus caráteres ainda seriam incompetentes. Os comentários são dispersos, desorganizados e sem periodicidade perceptível aos meus olhos. São pessoas comuns, apenas incapazes de perceber que estão do lado errado da lógica.
Essa pessoas acreditam piamente que precisam entrar no setor de comentários a cada texto, a cada foto e cada informação ali divulgada para exaltar a obra desse suposto deus que só eles acham que existe.
Depois me perguntam por que eu sou divulgador do ateísmo. A resposta está em 15 séculos de interferência, aborrecimento, perseguição, difamação, desinformação, tortura, assassinatos, mentiras e similares (em doses variadas ao longo do tempo, claro).
Finalizo o post com algo de positivo. Esses crentes chatos, que em vez de bater na sua porta domingo de manhã vão torrar seu saco via internet, correm um sério risco de aprender alguma coisa útil ao lerem essas postagens. Flertam com seu inimigo e podem acabar acordando do sono cegante da fé. 
Além disso, há um quê de desespero no comportamento. Ainda que geralmente educado e comportado, os textos deixam transparecer a necessidade de autoafirmação de sua própria fé. Já são, sem perceber, vítimas do primeiro passo da dissonância cognitiva causada pelo choque entre fé e realidade. Fazem isso para assegurar que ainda acreditam. Mas já duvidam, mesmo que não percebam.

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